Monte Fuji
>> sábado, 22 de agosto de 2009
Como vocês já devem estar cansados de saber, moro aos pés do Monte Fuji. Agora tenho uma vista mais do que privilegiada do vulcão da janela de casa (pena o tempo não ajudar).
Na primeira cidade que morei, em Tochigui, dava pra ver uma pontinha dele quando o céu estava limpo. Morava no terceiro andar de um prédio e precisava usar um binóculo ou dar um zoom na câmera pra conseguir essa façanha. Sempre quis conhecer mas parecia apenas um sonho distante, um desejo que não realizaria nunca.
Me mudei de Tochigui (Sano e Ashikaga) para Gunma (Oizumi), depois pra Shiga (Otsu) e acabei vindo parar em Shizuoka (Gotemba).
No meu primeiro verão nessa cidade, em 2003, o Helio veio me mostrar umas fotos que ele tirou quando escalou o Monte Fuji com um amigo. E eu que nem sabia que se podia escalar esse vulcão =D Fiquei morrendo de vontade de escalar também e lá fomos nós nos aventurar no meio da noite.
Pedimos pro irmão dele nos levar ao Gogome (5 gome), a quinta estação. Ressaltando que eu nem sabia que se podia escalar o monte, ele nos levou para a trilha de Gotemba, que fica a uns 15 minutos daqui de casa.
Começamos a subir às 23:00 porque a intenção era ver o sol nascer lá do topo.
MELDEUS!!!! Quase morri. Depois de subir por 6 horas sem chegar na primeira parada, a sexta estação, resolvemos voltar porque eu não aguentava mais. Pegamos um temporal na volta e só não nos encharcamos porque tínhamos levado capa de chuva.
Esperamos cerca de 1 hora até o táxi chegar e conseguirmos chegar em casa.
Passamos quase uma semana com dores nas pernas e fiquei passando gelol nas pernas do Helio pra aliviar um pouco a dor que ele sentia, porque ele trabalha em pé e devia estar morrendo. Eu trabalhava sentada e não sentia tanta dor assim.
E ele insistia que a trilha estava diferente, mas não sabia qual a trilha que ele percorreu na primeira vez porque não morava aqui. Veio com o amigo e pegou um táxi na estação, apenas disseram que queriam escalar o Fuji-san e o motorista os levou até o Gogome.
Conversei com a Magali, cunhada do Helioagora minha cunhada também, e ela disse que tinham subido pela trilha de Fujinomiya, mas nessa época (julho~agosto) só pode ir de carro até metade do caminho, depois tem que pegar um ônibus até o Gogome de Fujinomiya. O Helio não lembra de ter subido em ônibus nenhum, então devia ser outra trilha.
Foi só aí que me lembrei de pesquisar na net por informações. Dãaan... Existem 4 rotas: a de Gotemba que fica a 1440 m de altitude com 11 km de subida íngreme, a de Subashiri a 1970 m com 7,8 km de trilha, a de Yoshida/Kawaguchiko a 2300 m com 7,5 km de trilha e a de Fujinomiya a 2380 m e com 5 km de trilha.
Como podem ver a trilha de Gotemba é a menos recomendada para principiantes, é a de altitude mais baixa, com subida mais íngreme e trilha mais longa. Mas o cunhadinho não sabia disso na época e por ser a entrada mais perto foi onde ele nos levou.
Depois de duas semanas resolvemos tentar novamente, mas dessa vez pela trilha de Subashiri que fica perto daqui também, leva uma meia hora pra chegar até lá. Aí o Helio reconheceu o lugar onde ele subiu da outra vez.
Subida árdua apesar de bem menos íngreme do que de Gotemba. Subi praticamente pendurada nos braços do Helio. No meio do caminho comecei a sentir uma dor de ouvido absurda e enfiei uns pedaços de lenço de papel nas orelhas pra não me dar crise de labirintite.
O céu estava limpo e conseguimos ver Marte brilhando pequenininho no céu estrelado.
Conseguimos chegar no topo a tempo de ver o sol nascendo sob as nuvens. É um espetáculo inesquecível conseguir assistir isso junto com a pessoa que se está apaixonada. É lindo demais quando as nuvens brancas vão se transformando em um mar vermelho e o sol surge ao fundo lentamente.
Lá em cima é um frio de lascar apesar do sol ardido que bate. Li que a temperatura no topo gira em torno de -18 e +8 ºC. O período que se é permitido escalar vai de 1 de julho a 31 de agosto, o resto do ano, se não me engano, a estradinha está fechada.
Para quem quiser se aventurar, indico a trilha de Fujinomiya. Leve roupas quentes para ir se vestindo no meio do caminho, latinha de oxigênio vendido em qualquer combini por aqui, água, alguma bebida quente e algo para comer. Tem hambaikis de refri nas estações mas custam os olhos da cara, fora que às vezes não tem nada pra poder comprar. Paguei ¥ 500 por 3 Kit Kat. Um roubo, eu sei, mas estava morrendo de fome e tinha acabado tudo o que tinha levado. Levar capa de chuva é ótimo, principalmente essas baratinhas de plástico. Elas esquentam bem e são levinhas.
Use tênis leves e velhos. Aqueles que você pode jogar fora porque, acredite, não terá salvação no final. Mesma recomendação para as meias.
Se quiser descansar nas pousadas tem que desembolsar uma pequena fortuna também, mas talvez seja uma boa solução poder deitar em um lugar mais confortável. Nós nos deitávamos nas encostas inclinadas mesmo, o cansaço é tanto que qualquer lugar é lugar pra deitar e esticar.
Se for subir de madrugada, tem que levar lanterna porque não tem iluminação durante o trajeto, apenas as estações sãoparcamente iluminadas. Aqueles capacetes com lanterna são os ideais pois suas mãos ficam livres. Se não me engano são vendidos em lojas de equipamentos de pesca.
Leve papel higiênico, pois alguns banheiros carecem desse material.
Leve saquinho pra trazer o lixo que você produzir no caminho, ou pelo menos para armazenar até poder jogar em alguma estação. Fiquei indignada com o lixo no caminho, tantas guimbas e pacotes de cigarros, tantas latas de café, pacotes de salgadinhos, bentôs de seven... tudo jogado ali como se o vulcão fosse um lixão.
Leve pilhas para a lanterna e bateria extra para a câmera. A bateria da câmera que eu tinha estava fraca e descarregava rápido por isso não consegui tirar muitas fotos. E me arrependo tanto de não ter verificado isso antes de subir.
Prepare-se física e psicologicamente. Lembre-se, é uma escalada. Andar 5 km em terreno plano é fácil e razoavelmente rápido. Subindo em zigue-zague é completamente diferente. Levamos 7 horas para percorrer os 7,8 km da trilha de Subashiri e passei quase 2 semanas com dores nas pernas.
No fim de tudo, posso dizer que valeu a pena. É uma aventura e tanto. Existe uma superstição de que deve-se escalar em número ímpar, fui duas vezes apesar da primeira vez não ter concluído. Quero subir novamente, tinha combinado com meu irmão de subir ano retrasado, mas descobri que estava grávida da Karina, ano passado estava mais do que ocupada com a festa de um ano dela, esse ano é a cunhadinha que está grávida, vamos ver se ano que vem dá certo. Vou começar a me preparar fisicamente =p
A descida de Subashiri é famosa por ser uma ladeirona feita das cinzas das lavas. Dá pra correr desde a sétima até a quinta estação. Descemos andando porque meu joelho já estava latejando pelo esforço hercúleo da subida e tivemos que ficar atrás das pessoas que levantavam um poeirão quando passavam pela gente. Levar máscaras é uma boa, o ar fica irrespirável, até as lágrimas saíam pretas. Um horror!
Se animou a subir? Venha ano que vem porque a temporada desse ano já está acabando e o tempo não está ajudando. Ainda tem neve em alguns pontos...
Mais informações aqui, aqui, aqui e aqui. Em japonês aqui, aqui e aqui.
Esse ano parece que morreu um americano e um japonês sumiu durante a descida. Li aqui.
Subi morrendo de medo que ele entrasse em erupção. Ao que parece ele dá sinal de vida a cada 300 anos e a última erupção foi em 1707. Fora a previsão do Tokai Jishinque já está atrasado em pelo menos 10 anos que dizem que será capaz de fazer o Fuji entrar em erupção.
Por enquanto vou apreciando o símbolo do Japão pela janela mesmo =p
Na primeira cidade que morei, em Tochigui, dava pra ver uma pontinha dele quando o céu estava limpo. Morava no terceiro andar de um prédio e precisava usar um binóculo ou dar um zoom na câmera pra conseguir essa façanha. Sempre quis conhecer mas parecia apenas um sonho distante, um desejo que não realizaria nunca.
Me mudei de Tochigui (Sano e Ashikaga) para Gunma (Oizumi), depois pra Shiga (Otsu) e acabei vindo parar em Shizuoka (Gotemba).
No meu primeiro verão nessa cidade, em 2003, o Helio veio me mostrar umas fotos que ele tirou quando escalou o Monte Fuji com um amigo. E eu que nem sabia que se podia escalar esse vulcão =D Fiquei morrendo de vontade de escalar também e lá fomos nós nos aventurar no meio da noite.
Pedimos pro irmão dele nos levar ao Gogome (5 gome), a quinta estação. Ressaltando que eu nem sabia que se podia escalar o monte, ele nos levou para a trilha de Gotemba, que fica a uns 15 minutos daqui de casa.
Começamos a subir às 23:00 porque a intenção era ver o sol nascer lá do topo.
MELDEUS!!!! Quase morri. Depois de subir por 6 horas sem chegar na primeira parada, a sexta estação, resolvemos voltar porque eu não aguentava mais. Pegamos um temporal na volta e só não nos encharcamos porque tínhamos levado capa de chuva.
Esperamos cerca de 1 hora até o táxi chegar e conseguirmos chegar em casa.
Passamos quase uma semana com dores nas pernas e fiquei passando gelol nas pernas do Helio pra aliviar um pouco a dor que ele sentia, porque ele trabalha em pé e devia estar morrendo. Eu trabalhava sentada e não sentia tanta dor assim.
E ele insistia que a trilha estava diferente, mas não sabia qual a trilha que ele percorreu na primeira vez porque não morava aqui. Veio com o amigo e pegou um táxi na estação, apenas disseram que queriam escalar o Fuji-san e o motorista os levou até o Gogome.
Conversei com a Magali, cunhada do Helio
Foi só aí que me lembrei de pesquisar na net por informações. Dãaan... Existem 4 rotas: a de Gotemba que fica a 1440 m de altitude com 11 km de subida íngreme, a de Subashiri a 1970 m com 7,8 km de trilha, a de Yoshida/Kawaguchiko a 2300 m com 7,5 km de trilha e a de Fujinomiya a 2380 m e com 5 km de trilha.
Como podem ver a trilha de Gotemba é a menos recomendada para principiantes, é a de altitude mais baixa, com subida mais íngreme e trilha mais longa. Mas o cunhadinho não sabia disso na época e por ser a entrada mais perto foi onde ele nos levou.
Depois de duas semanas resolvemos tentar novamente, mas dessa vez pela trilha de Subashiri que fica perto daqui também, leva uma meia hora pra chegar até lá. Aí o Helio reconheceu o lugar onde ele subiu da outra vez.
Subida árdua apesar de bem menos íngreme do que de Gotemba. Subi praticamente pendurada nos braços do Helio. No meio do caminho comecei a sentir uma dor de ouvido absurda e enfiei uns pedaços de lenço de papel nas orelhas pra não me dar crise de labirintite.
O céu estava limpo e conseguimos ver Marte brilhando pequenininho no céu estrelado.
Conseguimos chegar no topo a tempo de ver o sol nascendo sob as nuvens. É um espetáculo inesquecível conseguir assistir isso junto com a pessoa que se está apaixonada. É lindo demais quando as nuvens brancas vão se transformando em um mar vermelho e o sol surge ao fundo lentamente.
Lá em cima é um frio de lascar apesar do sol ardido que bate. Li que a temperatura no topo gira em torno de -18 e +8 ºC. O período que se é permitido escalar vai de 1 de julho a 31 de agosto, o resto do ano, se não me engano, a estradinha está fechada.
Para quem quiser se aventurar, indico a trilha de Fujinomiya. Leve roupas quentes para ir se vestindo no meio do caminho, latinha de oxigênio vendido em qualquer combini por aqui, água, alguma bebida quente e algo para comer. Tem hambaikis de refri nas estações mas custam os olhos da cara, fora que às vezes não tem nada pra poder comprar. Paguei ¥ 500 por 3 Kit Kat. Um roubo, eu sei, mas estava morrendo de fome e tinha acabado tudo o que tinha levado. Levar capa de chuva é ótimo, principalmente essas baratinhas de plástico. Elas esquentam bem e são levinhas.
Use tênis leves e velhos. Aqueles que você pode jogar fora porque, acredite, não terá salvação no final. Mesma recomendação para as meias.
Se quiser descansar nas pousadas tem que desembolsar uma pequena fortuna também, mas talvez seja uma boa solução poder deitar em um lugar mais confortável. Nós nos deitávamos nas encostas inclinadas mesmo, o cansaço é tanto que qualquer lugar é lugar pra deitar e esticar.
Se for subir de madrugada, tem que levar lanterna porque não tem iluminação durante o trajeto, apenas as estações são
Leve papel higiênico, pois alguns banheiros carecem desse material.
Leve saquinho pra trazer o lixo que você produzir no caminho, ou pelo menos para armazenar até poder jogar em alguma estação. Fiquei indignada com o lixo no caminho, tantas guimbas e pacotes de cigarros, tantas latas de café, pacotes de salgadinhos, bentôs de seven... tudo jogado ali como se o vulcão fosse um lixão.
Leve pilhas para a lanterna e bateria extra para a câmera. A bateria da câmera que eu tinha estava fraca e descarregava rápido por isso não consegui tirar muitas fotos. E me arrependo tanto de não ter verificado isso antes de subir.
Prepare-se física e psicologicamente. Lembre-se, é uma escalada. Andar 5 km em terreno plano é fácil e razoavelmente rápido. Subindo em zigue-zague é completamente diferente. Levamos 7 horas para percorrer os 7,8 km da trilha de Subashiri e passei quase 2 semanas com dores nas pernas.
No fim de tudo, posso dizer que valeu a pena. É uma aventura e tanto. Existe uma superstição de que deve-se escalar em número ímpar, fui duas vezes apesar da primeira vez não ter concluído. Quero subir novamente, tinha combinado com meu irmão de subir ano retrasado, mas descobri que estava grávida da Karina, ano passado estava mais do que ocupada com a festa de um ano dela, esse ano é a cunhadinha que está grávida, vamos ver se ano que vem dá certo. Vou começar a me preparar fisicamente =p
A descida de Subashiri é famosa por ser uma ladeirona feita das cinzas das lavas. Dá pra correr desde a sétima até a quinta estação. Descemos andando porque meu joelho já estava latejando pelo esforço hercúleo da subida e tivemos que ficar atrás das pessoas que levantavam um poeirão quando passavam pela gente. Levar máscaras é uma boa, o ar fica irrespirável, até as lágrimas saíam pretas. Um horror!
Se animou a subir? Venha ano que vem porque a temporada desse ano já está acabando e o tempo não está ajudando. Ainda tem neve em alguns pontos...
Mais informações aqui, aqui, aqui e aqui. Em japonês aqui, aqui e aqui.
Esse ano parece que morreu um americano e um japonês sumiu durante a descida. Li aqui.
Subi morrendo de medo que ele entrasse em erupção. Ao que parece ele dá sinal de vida a cada 300 anos e a última erupção foi em 1707. Fora a previsão do Tokai Jishin
Por enquanto vou apreciando o símbolo do Japão pela janela mesmo =p
Queria postar mais fotos, mas não sei onde foram parar os cds com as fotos mais antigas. Pois é, ainda não consegui arrumar tudo depois da mudança =/
Apesar de mortalmente cansativo, eu acho que vale o esforço e recomendo a escalada pelo menos uma vez. É uma lembrança e tanto.
Até o Gogome de Fujinomiya eu já fui, levei minha mãe pra conhecer, afinal é Fuji-san lá. Pra quem não viu/lembra contei aqui. Se conseguir volto lá esse ano pra tirar mais algumas fotos =p
Apesar de mortalmente cansativo, eu acho que vale o esforço e recomendo a escalada pelo menos uma vez. É uma lembrança e tanto.
Até o Gogome de Fujinomiya eu já fui, levei minha mãe pra conhecer, afinal é Fuji-san lá. Pra quem não viu/lembra contei aqui. Se conseguir volto lá esse ano pra tirar mais algumas fotos =p
4 Comentário(s):
Oi Herika.
Você é muito corajosa, mas isso é algo que eu gostaria de fazer um dia.
Bjs.
Elvira
Puxa, tenho muita vontade de escalar o Fuji San. Quem sabe um dia né? ;D
ahahah imagino a doidera de subir o Fuji assim "do nda" rs... Subi no verão por Fujinomiya. Graças à Deus o Dú se informou sobre tudo, o problema foi que ele se informou demais e acabamos levando muito mais coisas do que o necessário. Resultado: fiquei cansada muito rápido por carregar tanto peso e tb pq havíamos trabalhado até tarde no dia anterior. Mas realmente valeu a pena ver essa vista. Foi uma das coisas que mais gostei durante a minha estadia no Japão, ter conseguido subir o Fuji.
Kisu!
nossa... o daniel encarna todo ano que quer subir o monte fuji, mas eu nao vou nem morta... qm sabe no dia q instalarem elevadores, escada rolante, teleferico ou bondinho...
como fumante e obesa eu sei que me arrependeria ateh o ultimo fio de cabelo se topasse um negocio desse
eu ouvi dizer q precisa subir 3 vezes, 1 pra buscar dinheiro, 2 pra buscar amor e 3 pra buscar felicidade
eu acredito que eh preciso subir 4, pra buscar juizo... pq subir 3 vezes?!?! eh demais rs
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