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Recordações

>> terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O Blogger está esquisito esses dias. Até parece antes do Google comprar (?)... Escrevo e, como disse a Dani uma vez, tem que entoar o mantra: "Posta bosta! Posta bosta! Posta bosta!" Tá foda esses dias. Por essas e outras que pensei seriamente em me mudar para o Wordpress, mas antes disso eu queria um domínio próprio. São apenas US$10 por ano, achei muito barato... mas o Helio não deixou
- Pra quê?
- Pra eu usar, ué.
- Besteira! Isso é frescura!

Poxa vida, ele gasta quase 10 vezes isso em cigarro todo mês. Como ex fumante e blogueira viciada, eu garanto que registrar e manter um domínio é infinitamente mais útil e barato. Eu queeeeero...


Depois de muito tempo fiz um LO com as fotos da Karina. Já estava com saudades de mexer no programa e hoje as duas resolveram colaborar, uma maravilha. É simples mas gostei do resultado.


Clique para ampliar

Créditos:
Overlay template by Lisa
Papers: Kit Pastel by July
Paper & element: Kit Blanket by Helly
Fonts: Arial & Sketchbook

Apesar do frio não tem nevado, graças a Deus. O engraçado é ver na previsão que é mizorê de tarde (neve misturado com chuva), mas pra mim só choveu, pelo menos não pareceu que estava nevando também. Bom, de qualquer forma fiquei em casa mesmo, está frio demais pra sair com as meninas.
Esses dias, em nossas conversas, temos relembrado bastante a época de escola. Outro dia o tema foi a merenda. Isso porque eu estava comendo arroz doce e o Helio perguntou por que estava comendo aquilo.
- Porque eu gosto.
Simples não? Ele detesta e não entende como alguém pode comer "essa coisa nojenta" Já falei que ele é super enjoado?
E ficou falando da merenda de escolas estaduais que dão arroz doce, canjica, sopa com carne de soja, sopa de feijão... Tudo coisa que ele não come. Mas em uma escola municipal que ele estudou eles davam macarrão, frango, salsicha, como merenda. Nossa, nunca comi refeições na merenda. Aliás, eu não comia merenda. Achava coisa de pobre
Não sou esnobe, rica também nunca fui. Acontece que a merenda era HOR-RÍ-VEL e só comia merenda quem realmente não tinha condições de levar um lanche de casa. Ou pelo menos era essa a visão que eu tinha. Minha mãe sempre fez lanches e sucos pra eu levar. Havia uma cantina onde dava pra comprar sanduíches (misto, hambúrguer, hotdog) mas era caro e eu só ganhava dinheiro uma vez por semana pra poder comprar um misto quente e uma caçulinha.
Hoje lembramos da época do pré primário. Sim, eu sou dessa época. Ele ainda fez jardim. E lembrei das excursões que minha mãe não deixava eu ir porque ela não podia acompanhar por causa da loja. Lembro da excursão pra fábrica da coca-cola. Eu chorei mas minha mãe foi irredutível. Depois voltou todo mundo falando que viu a máquina onde um homem caiu e morreu. Algumas versões dizem que ele derreteu no xarope que é muito forte, é um veneno poderosíssimo, outros dizem que acabou triturado na máquina. Não sei se existe outras versões, nem sei se é verdade que morreu alguém lá, nem sei se existe esta máquina. Não fui à fábrica, não vi.
Mas lembro que fui na Cidade das Crianças em São Bernardo (será que ainda existe?) Não lembro direito do lugar a única recordação que trago de lá é do submarino que a professora não deixou a gente entrar porque a fila estava muito grande. Mas quem foi acompanhado pelos pais e conseguiu "descer até o fundo do mar" garante que a sereia acenou e jogou um beijo pra eles
Eu tinha 5 anos mas me lembro da professora. Não lembro do nome, mas lembro dos cabelos compridos, pretos e ondulados, estilo Farrah Fawcett no seriado As Panteras, era a moda da época acho.
Lembro uma vez que a professora fez fila pra gente ir até a escola em frente. Eu era a menor da sala e fui de mãos dadas com ela, toda feliz, cantando o tempo todo. Até que comecei a ver um monte de criança que saía chorando de uma sala. Não liguei, a professora continou segurando minha mão e cantando comigo enquanto arrumava a fila. Quando chegou a minha vez, eu percebi que a fila era pra tomar vacina. Aquela de pistola que não dói nada, mas eu fiz um escândalo tão grande, me debatia e gritava. Chorei e no final, apesar de ter vindo um monte de gente pra me segurar, acabei indo embora sem tomar nada, mas continuei de mãos dadas com a professora
Fora as lembranças da escola, conversamos também da época que viemos pra cá. Ele foi pra Okayama, um lugar onde não havia nada. E procurando no Google Earth, continua sem nada ainda. Mas ele tem vontade de ir passear pra ver como está o lugar, se a fábrica ainda existe, se ainda tem as mesmas lojas...
Então foi a minha vez de contar a minha vinda pra essa terra.
Pouca gente sabe, mas quando eu vim pra cá fui parar nas mãos de yakuzas. Não sei como é agora, mas naquela época (1990) havia um intermediário no Brasil que contratava a gente e financiava a nossa passagem. Viemos em uma turma de 12 pessoas e deveríamos ser levados para uma fábrica da Honda em Saitama.
Mas chegando aqui vimos que não era bem o que aconteceria. Até fomos lá na Honda, mas falaram que não estavam precisando de novos funcionários e nos deixaram esperando do lado de fora de uma sala. Reuniu um monte de homens e somente um senhor de 63 anos, o sr. Miyoshi, teve permissão para participar dessa reunião. Imaginaram que apenas ele entendia japonês e queriam que ele traduzisse as coisas. Mas eu disfarcei e fiquei na janela ouvindo.
Estávamos sendo vendidos.
Isso mesmo, como na época da escravidão que se vendia seres humanos.
Por ser jovem (eu tinha 22 anos) mas como não entendia japonês (dedução deles, ninguém perguntou nada pra mim) fui vendida por 50 mil ienes. Uma professora de inglês valia mais, ela foi vendida por 80 mil apesar de já ter uma certa idade (32 anos), o sr. Miyoshi, coitado, apesar de saber falar a língua valia míseros 5 mil.
O homem lá sendo vendido por essa micharia (mixaria?) e continuou traduzindo sem reclamar. Transação completada, eles saíram pra nos levar pra outras fábricas. Perguntamos o que foi conversado e ele disfarçou e não nos contou o que estava acontecendo.
Fui parar numa fábrica de caminhão tanque. Vieram medir minha cabeça, meus pés e havia uns loucos naquela fábrica. Apareceu um com o uniforme de guerra, aqueles camuflados, cara suja de graxa e uma barra de ferro na mão. Fomos tratados como animais raros em exposição. Veio todo mundo olhar os estrangeiros que a fábrica havia adquirido por preço de banana.
Famílias foram separadas. Os homens no alojamento masculino e mulheres todas juntas em um "apertamento" junto com as crianças. Não havia NADA além de mato ao redor.
Sair dali? Não podíamos, eles estavam com nossos passaportes.
A revolta foi grande. Fizemos muito barulho, apesar de estarmos com muito medo. Ligamos para o Brasil e a esposa do sr. Miyoshi ligou para um deputado, alguma coisa Kanashiro, denunciou, ameaçou ir pra Polícia Federal. Pelo que entendi esse deputado tinha alguma ligação com o "seu" Jorge, o homem que nos contratou no Brasil.
Foi tudo muito confuso, só sei que no final veio um japonês cheiroso com um micro ônibus e nos levou embora. Imagino que ele deva ter nos comprado também, nunca perguntei como ele conseguiu nossos passaportes. Tem coisas que é melhor a gente não saber.
Fui parar lá em Tochigui, onde morei por anos.
Quando estávamos entrando no ônibus, um rapaz da turma veio falar que ia ficar, encontrou uns conhecidos na Honda que conseguiram uma vaga para ele.
Ele era esquisito, veio pra cá praticamente com a roupa do corpo. Uma malinha onde havia uma muda de roupa, sem dinheiro e sem comida. Bom, todo mundo que vinha naquela época trazia a mala lotada de comida porque não sabia o que ia encontrar por aqui. Ele chegou a me visitar lá em Tochigui e parecia estar muito bem. Eu morava no quarto andar de um prédio e o doido veio gritando meu nome desde lá da rua.
Tempos depois ficamos sabendo que ele estava preso. Quem é de São Paulo deve lembrar, pois passava direto no SP TV sobre o mestiço Terumi Maeda que havia assassinado uma japonesa.
Sim, eu vim com ele. Que medo...

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