Kafunshô
>> quinta-feira, 6 de março de 2008
Finalmente a vida normalizou aqui em casa e estou mais disposta a sentar na frente do pc. Com Karina que não quer dormir de noite a coisa tava feia pro meu lado. Melissa dorme de noite e Karina de dia, e eu praticamente há 3 dias sem dormir , num estado de podridão total: com sono, cansada, com kafunshô e mau humorada. Não sou de ter crises de mau humor, mas ontem estava no meu limite. Graças a Deus consegui fazer as duas dormirem de noite e, por milagre, dormiram a noite inteira sem acordarem uma única vez.
Dormi profundamente e acabei acordando às 5 e meia com a sensação que dormi até o meio-dia. Ainda tinha mais meia hora pra ficar à toa na cama ou dar mais uma cochilada rápida antes de levantar pra preparar o café e o bentô do Helio, mas Melissa também acabou acordando e antes que ela acordasse Karina resolvi levá-la pra sala e começar a fazer as coisas.
Por isso que ontem não teve atualização no blog, não entrei no orkut e nem fui visitar os blogs que tanto gosto de ler. Prefiro me recolher e ficar quietinha até passar do que acabar sendo grosseira com quem não tem nada a ver com o motivo que me deixou mau humorada.
E o kafunshô esse ano está forte e me deixa indisposta até pra digitar
Muita gente deve estar se perguntando que diabo é esse kafunshô . Explico.
Kafunshou
É a reação alérgica a certos pólens causando rinite e conjuntivite alérgica. Existem muitos tipos de pólens que causam esse desconforto, nessa época (março/abril) são os pólens do cedro (sugui) e do cipreste (hinoki) que proliferam em grande concentração no ar. O sugui e o hinoki são árvores típicas do Japão por isso visitantes temporários e crianças dificilmente se afligem com esse mal porque normalmente é preciso uma certa exposição ao pólen para que o organismo se sensibize. Digo “normalmente” porque no meu caso eu sofro com isso desde a primeira primavera que passei aqui. E não tinha idéia do que estava acontecendo comigo. Primeiro veio o auto-diagnóstico comum: gripe e conjuntivite, já que os principais sintomas são coriza, espirros, tosse, ardência nos olhos e em dias mais graves, febre. Fora o sangue que vem misturado sempre que assoo o nariz. Depois de freqüentar muitos consultórios médicos e tomar muitas injeções contra a gripe, sem que nada fizesse efeito, resolvi ir à farmácia e o farmacêutico só de olhar para os meus olhos já diagnosticou: você tem kafunshou.
No Brasil esse tipo de alergia sazonal é conhecido como Polinose ou Febre do Feno (do inglês Hay Fever). Isso eu só soube depois de algumas pesquisadas no Google porque eu nunca tinha ouvido falar nisso, talvez porque não sofresse dessas coisas antes de vir pra cá.
Quais os cuidados que se deve tomar:
Obviamente, não se expor em ambientes que podem causar a alergia. Mas como não é possível ficar trancado dentro de casa até junho, sem contar que você pode ser alérgico ao pólen de outras plantas, considerando que no Japão existem mais de 60 tipos de pólens alérgicos, não secar roupas e acolchoados fora de casa (pendurando os mesmos dentro de casa e emprestando à casa aquele ar de cortiço), não deixar janelas abertas (deixando sua casa cheirando mofo), tomar um banho quando chegar da rua para tirar o que grudou em você e evitar que se espalhe pela casa (com isso você passará o dia inteiro debaixo do chuveiro), lavar o cabelo antes de dormir para evitar levar o pólen ao travesseiro (coitado o travesseiro também é alérgico) e usar máscaras e óculos. De todas essas medidas a única que eu sigo razoavelmente é usar máscaras. Razoavelmente porque, é claro, Melissa tira tanto máscara quanto óculos quando me vê usando um. Bom, tomar banho e lavar os cabelos são questões de higiene obrigatórios não deve ser seguido apenas para evitar os sintomas, não é?! Só japonês mesmo pra dar conselho assim
Para amenizar os sintomas existem uma profusão de sprays nasais (tembi-yaku) e colírios (me-gusuri), fora muitos e muitos comprimidos vendidos na farmácia. Mas o ideal é consultar um otorrinolaringologista (jibi'inkouka) e receber o remédio na dosagem certa para você, lembrando que cada caso é um caso. Cada pessoa tem sensibilidade em diferentes níveis portanto o tratamento também é diferente para cada um.
* Otorrinolaringologia: especialidade médica que se dedica ao estudo e tratamento das doenças que acometem ao ouvido, o nariz e a garganta (Dicionário da Língua Portuguesa Houaiss).
O aumento do número de casos de kafunshou no Japão é explicado pelo fato de que muitos bosques foram queimados durante a Segunda Guerra Mundial e os japoneses usaram o cedro para o reflorestamento. Atualmente eles alcançaram a sua fase adulta, liberando no ar uma quantidade maior de pólen (e eu moro ao lado de um desses bosques) Mas já ouvi rumores que o governo está pesquisando outras árvores para replantar já que 6 em cada 10 japoneses sofrem com essa alergia (ouvi isso há 4 anos e nada de derrubarem os cedros aqui do lado).
Existe uma vacina anti-alérgica, que pode ser aplicada alguns meses antes do período crítico. Ela evita todos os incômodos causados pela polinose, mas já ouvi falar que a longo prazo essa vacina “acaba” com o organismo. Não me perguntem o que significa esse “acaba”, mas por via das dúvidas nunca tomei. Sou uma cagona de marca maior e tenho medo do que possa acontecer comigo, já sou podre o suficiente sem isso.
Também tem um tratamento chamado imunoterapia, que deixa seu corpo mais resistente aos poucos. Você toma vacinas com uma pequena quantidade de pólens e, seguindo as prescrições médicas, as doses vão aumentando gradativamente até chegar o ponto que seu organismo comece a produzir anticorpos, bloqueando assim os agentes causadores do mal, nesse caso, os pólens. O período médio do tratamento é de 6 meses para que o paciente comece a sentir certo alívio. Estou pensando seriamente em fazer esse tratamento, tenho que vencer esse pavor que eu tenho por agulhas Esse ano, novamente, não vou poder tomar remédios por estar amamentando ainda. Tenho muito medo que dê alguma reação na Karina.
Este blog está ficando bastante informativo, não
* Por que eu coloco acento em kafunshou se na verdade não tem? Porque a maioria dos brasileiros que conheço fala kafúnsho. Até mesmo aqueles que, como eu, moram há mais de 10 anos aqui, continuam falando errado. E isso me incomoda
** Kafunshou como qualquer outra alergia não se pega, não se passa. Ou você é sensível ou não ao agente causador. E, por fim, você pode desenvolver a sensibilidade aos poucos, portanto pode acontecer de não sentir nada durante anos e, de repente, começar a espirrar sem parar. E, a menos, que comece a produzir anticorpos, sofrerá com essa alergia até o fim de seus dias se continuar aqui no Japão ou em qualquer lugar que tenha plantas com pólens alérgicos.
*** Essa última nota surgiu dos absurdos que venho ouvindo ao longo desses 17 anos que tenho nessa terrinha. Muitos já me acusaram de “ter passado” a alergia, como se eu tivesse o poder de fazer uma caridade dessas
Ai ai... vou formatar o pc que já está bichado há uns 2 meses. Então até conseguir colocar tudo em ordem vou demorar um pouco e não vou atualizar o blog. Até posso fazer isso pelo pc do Helio, mas a idéia de passar algum tempo naquele quarto gelado não me atrai
Dormi profundamente e acabei acordando às 5 e meia com a sensação que dormi até o meio-dia. Ainda tinha mais meia hora pra ficar à toa na cama ou dar mais uma cochilada rápida antes de levantar pra preparar o café e o bentô do Helio, mas Melissa também acabou acordando e antes que ela acordasse Karina resolvi levá-la pra sala e começar a fazer as coisas.
Por isso que ontem não teve atualização no blog, não entrei no orkut e nem fui visitar os blogs que tanto gosto de ler. Prefiro me recolher e ficar quietinha até passar do que acabar sendo grosseira com quem não tem nada a ver com o motivo que me deixou mau humorada.
E o kafunshô esse ano está forte e me deixa indisposta até pra digitar
Muita gente deve estar se perguntando que diabo é esse kafunshô . Explico.
Kafunshou
É a reação alérgica a certos pólens causando rinite e conjuntivite alérgica. Existem muitos tipos de pólens que causam esse desconforto, nessa época (março/abril) são os pólens do cedro (sugui) e do cipreste (hinoki) que proliferam em grande concentração no ar. O sugui e o hinoki são árvores típicas do Japão por isso visitantes temporários e crianças dificilmente se afligem com esse mal porque normalmente é preciso uma certa exposição ao pólen para que o organismo se sensibize. Digo “normalmente” porque no meu caso eu sofro com isso desde a primeira primavera que passei aqui. E não tinha idéia do que estava acontecendo comigo. Primeiro veio o auto-diagnóstico comum: gripe e conjuntivite, já que os principais sintomas são coriza, espirros, tosse, ardência nos olhos e em dias mais graves, febre. Fora o sangue que vem misturado sempre que assoo o nariz. Depois de freqüentar muitos consultórios médicos e tomar muitas injeções contra a gripe, sem que nada fizesse efeito, resolvi ir à farmácia e o farmacêutico só de olhar para os meus olhos já diagnosticou: você tem kafunshou.
No Brasil esse tipo de alergia sazonal é conhecido como Polinose ou Febre do Feno (do inglês Hay Fever). Isso eu só soube depois de algumas pesquisadas no Google porque eu nunca tinha ouvido falar nisso, talvez porque não sofresse dessas coisas antes de vir pra cá.
Quais os cuidados que se deve tomar:
Obviamente, não se expor em ambientes que podem causar a alergia. Mas como não é possível ficar trancado dentro de casa até junho, sem contar que você pode ser alérgico ao pólen de outras plantas, considerando que no Japão existem mais de 60 tipos de pólens alérgicos, não secar roupas e acolchoados fora de casa (pendurando os mesmos dentro de casa e emprestando à casa aquele ar de cortiço), não deixar janelas abertas (deixando sua casa cheirando mofo), tomar um banho quando chegar da rua para tirar o que grudou em você e evitar que se espalhe pela casa (com isso você passará o dia inteiro debaixo do chuveiro), lavar o cabelo antes de dormir para evitar levar o pólen ao travesseiro (coitado o travesseiro também é alérgico) e usar máscaras e óculos. De todas essas medidas a única que eu sigo razoavelmente é usar máscaras. Razoavelmente porque, é claro, Melissa tira tanto máscara quanto óculos quando me vê usando um. Bom, tomar banho e lavar os cabelos são questões de higiene obrigatórios não deve ser seguido apenas para evitar os sintomas, não é?! Só japonês mesmo pra dar conselho assim
Para amenizar os sintomas existem uma profusão de sprays nasais (tembi-yaku) e colírios (me-gusuri), fora muitos e muitos comprimidos vendidos na farmácia. Mas o ideal é consultar um otorrinolaringologista (jibi'inkouka) e receber o remédio na dosagem certa para você, lembrando que cada caso é um caso. Cada pessoa tem sensibilidade em diferentes níveis portanto o tratamento também é diferente para cada um.
* Otorrinolaringologia: especialidade médica que se dedica ao estudo e tratamento das doenças que acometem ao ouvido, o nariz e a garganta (Dicionário da Língua Portuguesa Houaiss).
O aumento do número de casos de kafunshou no Japão é explicado pelo fato de que muitos bosques foram queimados durante a Segunda Guerra Mundial e os japoneses usaram o cedro para o reflorestamento. Atualmente eles alcançaram a sua fase adulta, liberando no ar uma quantidade maior de pólen (e eu moro ao lado de um desses bosques) Mas já ouvi rumores que o governo está pesquisando outras árvores para replantar já que 6 em cada 10 japoneses sofrem com essa alergia (ouvi isso há 4 anos e nada de derrubarem os cedros aqui do lado).
Existe uma vacina anti-alérgica, que pode ser aplicada alguns meses antes do período crítico. Ela evita todos os incômodos causados pela polinose, mas já ouvi falar que a longo prazo essa vacina “acaba” com o organismo. Não me perguntem o que significa esse “acaba”, mas por via das dúvidas nunca tomei. Sou uma cagona de marca maior e tenho medo do que possa acontecer comigo, já sou podre o suficiente sem isso.
Também tem um tratamento chamado imunoterapia, que deixa seu corpo mais resistente aos poucos. Você toma vacinas com uma pequena quantidade de pólens e, seguindo as prescrições médicas, as doses vão aumentando gradativamente até chegar o ponto que seu organismo comece a produzir anticorpos, bloqueando assim os agentes causadores do mal, nesse caso, os pólens. O período médio do tratamento é de 6 meses para que o paciente comece a sentir certo alívio. Estou pensando seriamente em fazer esse tratamento, tenho que vencer esse pavor que eu tenho por agulhas Esse ano, novamente, não vou poder tomar remédios por estar amamentando ainda. Tenho muito medo que dê alguma reação na Karina.
Este blog está ficando bastante informativo, não
* Por que eu coloco acento em kafunshou se na verdade não tem? Porque a maioria dos brasileiros que conheço fala kafúnsho. Até mesmo aqueles que, como eu, moram há mais de 10 anos aqui, continuam falando errado. E isso me incomoda
** Kafunshou como qualquer outra alergia não se pega, não se passa. Ou você é sensível ou não ao agente causador. E, por fim, você pode desenvolver a sensibilidade aos poucos, portanto pode acontecer de não sentir nada durante anos e, de repente, começar a espirrar sem parar. E, a menos, que comece a produzir anticorpos, sofrerá com essa alergia até o fim de seus dias se continuar aqui no Japão ou em qualquer lugar que tenha plantas com pólens alérgicos.
*** Essa última nota surgiu dos absurdos que venho ouvindo ao longo desses 17 anos que tenho nessa terrinha. Muitos já me acusaram de “ter passado” a alergia, como se eu tivesse o poder de fazer uma caridade dessas
Ai ai... vou formatar o pc que já está bichado há uns 2 meses. Então até conseguir colocar tudo em ordem vou demorar um pouco e não vou atualizar o blog. Até posso fazer isso pelo pc do Helio, mas a idéia de passar algum tempo naquele quarto gelado não me atrai
12 Comentário(s):
Bem informativo ;) Espero que já esteja melhor e que tudo se normalize... Não some por muito tempo não, gosto muito de ler seus relatos ... Bju carinhoso.
Oi Hérica:
Queo agradecer a sua visita ao blog. Apareça sempre. Um prazer te receber.
Vi uma reportagem no Jornal Hoje,da TV Globo sobre alimentação de bebê e o pediatra disse pra oferecer a comida umas 20 vezes. Não sei se tem paciência para isto...Lembrei de vc, porque disse que a nenê cuspiu a maçã. Boa sorte nesta empreitada.
Quanto a alergia, seja qual for é muito desagradável. Só fiquei llivre da minha separando os alimentos. Não misturo proteina com hidrato de carbono. Sabe que nunca mais tive sintomas.
Bjos.
Oi Hérika, não demore muito para aparecer. Adoro suas visitas. Um grande beijo pra vc e suas filhas e um abraço pro Helio.
Olá!
febre do feno, eu sofro do mesmo mal, é que trabalho no Jd botanico de São Paulo, então polem alergênico é o que não falta.
E não dá pra ficar dependendo de medicação pra ficar melhor. o pediatra do Edu tinha me ensinado a ferver um litro de agua, e nesse litro adicionar uma colher de café de sal de cozinha, e ir lavando o nariz, durante o dia, com a ajuda de um contagota
olha alivia bem os sintomas.
esperamosq eu vc não demore a volta!
beijos
Bju um ótimo fim de semana ;)
Olá Érika...
Demorei a responder seu comentário, mas aqui estou eu.
Você comentou meu blog em um dos poemas que pubnliquei.
Fico muito agradecida com as palavras que a mim disse.
Poesia é uma respiração que faz parte de mim.
Seu Blog é Lindo!!!!!!!!!!!
Beijinhos
Oi Herika.
Espero que você melhore logo. Eu sei como é horrível ficar doente...
Beijos amiga.
Elvira
FELIZ DIA DAS MULHERES !!!
Feliz dia da mulher! Bju ;)
Feliz do homem que por um dia soube, entender a alma da mulher!Feliz Dia da Mulher.
Herica querida perdi você! Mas agora que achei de novo vou te linkar, ok?
Nossa garota tu fala das filhas que nao te deixam dormir, eu logo penso que poderei ter gêmeos se fizer o tratamento pra engravidar! ai...ai... ha muitos anos que eu durmo muito bem!!
Você em um determinado momento veio no meu cantinho me dar força quando minha irma tinha que operar, quero dizer que ela esta bem e sou muito grata pela força, merci!
Também criei um blog so com fotos, caso você queira conhecer passe por la:
www.falandodefotos.blogspot.com
Herika, alergia é fogo mesmo e essa que vc tem então, deve ser dificil...espero que esteja melhor !
Beijocas !!!
Eu venci um sangramento no pulmão com Risperidona 2mg e prometazina acompanhando tratamento pisiquiátrico
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